domingo, 17 de janeiro de 2016

SUA MAGESTADE O UMBIGO


Não há nada a fazer. Ah ,estes narcisos ou narcisas,de hoje ou de ontem. É o egoísmo que prevalece,que triunfa,que tudo abafa,o egoísmo em estado puro. É um estar voltado,sempre,para o umbigo próprio,o umbigo-rei,ou rainha,o umbigo-imperador,ou imperatriz. Sua Magestade O Umbigo. O horizonte termina ali,no umbigo,seu ou sua. Haverá excpções? Com certeza. São os néscios,ou as néscias,e os,ou as mártires. Uns,ou umas,e outros,ou outras,não têm cura,nasceram assim,finar-se-ão assim. Adeus,adeus,que tão bem ficavam na paisagem.
Mas o mundo anda,não se sabe bem,se para a frente,ou se para trás. Anda,que bem se vê.É o umbigo todo-poderoso de qualquer um a puxar,para a frente,ou para trás,sabe-se lá. Não se passa disto,para o bem,ou para o mal,venha o diabo que diga. É uma sina,uma fatalidade,é o diabo,outra vez.
Ainda há poucochinho calhou estar ao pé de um caso paradigmático,para se empregar um palavrão,daqueles de que certos umbigos,umbigos que muito se prezem,adoram.
Eram duas velhas amigas,amigas do coração,constava,que se não viam há um ror de tempo. As saudades,de ambos os lados que por ali iam,só visto,se as saudades se pudessem ver. E uma delas,não suportando mais aquela dolorosa ausência,foi visitar a outra. Tinham vivido uma carrrada de coisas em comum,lá no passado distante,onde ele já ia,andaria para aí ,perdido,coitado dele.
Pois foi um monopolizar do riquinho tempo por uma delas. A outra parecia não estar ali,ou estava só para ver a caravana passar. E que vistosa caravana era ela. Foi uma enxurrada de feitos avassaladora,de estarrecer,de ficar de boca aberta para sempre,a varrer,a submergir,a reduzir a outra a zero.
Pertencia a uma família de primeira,privilegiada. A coisa vinha das origens,talvez em linha reta,sem qualquer mistura,no muito já longo percurso,desde o primeiro par. E tinha sido sempre um apurar,um refinar,sem quebras . Os filhos eram melhores do que os pais,estes muito melhores do que os avós. Era,em suma,uma famíla genial. E o que havia ainda de suceder. Era um deleite,um saborear de coisas boas,de coisas únicas.
De arrasar. A outra ainda tentou,timidamente,estancar aquela enxurrada,mas, pobre dela,foi estar a chover no molhado. E a açambarcadora,a narcisa,lá se foi,sem tocar,ao de leve que fosse,num pormenorzinho,do seu estendido passado em comum.

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