sábado, 3 de outubro de 2015

FUMARADA DENSA

Por algum motivo,não era conveniente telefonar da pensão. E assim,terminado o jantar,aventurou-se a procurar local onde estivesse à vontade. À noite,naquele mês de muito frio,as ruas lá da terra,parcialmente iluminadas,estavam desertas. As pessoas,na sua maior parte, ou encontravam-se recolhidas no aconchego de suas casas, ou concentravam-se numa ou noutra venda,donde saíam vozes avinhadas. Não conviria bater a essas portas. Finalmente,pareceu-lhe descobrir sítio a jeito. A porta enganara-o. Lá dentro,à volta de uma larga mesa, jogava-se,talvez forte. Uma fumarada densa enchia a quadra,acentuando a tensão que pairava por ali. Serviu-se depressa,não fosse perturbar aquele ambiente de casino. Ali não voltaria.
Na vez seguinte,após algums tentativas goradas,lá se dispôs a entrar numa das tabernas,que lhe pareceu menos barulhenta. Teria sido só à sua aproximação,supondo,talvez,ser ele uma autoridade. Desenganados,voltaram ao que tinha sido sempre. A fumarada não era inferior. Dela não se livrou,nem do barulho,quase ensurdecedor. Claro que pouco consegiu ouvir do outro lado,mas,para compensar,fez saber que ainda estava vivo.

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