sábado, 17 de outubro de 2015

COMO LAPAS

Nunca se passara por ali e a tarde já ia adiantada. Não convinha,pois,tomar trilhos errados. O mapa das estradas não era um primor de atualização,pelo que o melhor era pedir conselho.Uma aldeia,mesmo ali à vista,vinha a calhar.
Logo à entrada,um rancho de velhos e de novos entretinha-se a limpar as valetas. Pareciam estar à espera de que alguém deles precisasse. E todos quiseram coloborar,em especial uma velhota muito desdentada. Infelizmente,as suas indicações não coincidiam com as de alguns novos,aliás,nem todas concordantes,o que gerou uma confusão dos diabos. A paz que ali houvera esteve por um fio.
Não se tratava,porém,de uma estrada que estivesse muito longe dali,pois seria pouco mais do que uma dezena de quilómetros. Quer dizer, aquela gente teria uns horizontes muito estreitos,ainda que não se levantasse por ali uma alta serrania,qualquer que fosse o quadrante escolhido. Os afazeres,os vagares,ou sabe-se lá mais o quê,não lhes permitiria alargá-los. Estavam amarrados àquela aldeia como lapas.
Uns estranhos teriam sido para eles dádivas caídas do céu. Estariam já um tanto fartos uns dos outros e alguém de fora teria de ser melhor tratado. Estariam também já cansados de andar ali em posição muito incómoda a remover ervas das bermas. Quem os encarregara podia ter-se lembrado antes,poia aquilo mais parecia um matagal de silvas. As verbas deviam ter-se atrasado,foi o que deve ter acontecido.

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