domingo, 13 de setembro de 2015

PRESA POR CORDÉIS

Por aquele processo é que ele nunca tinha circulado. Lembrava a expressão muitas vezes ouvida,a de ir presa por cordéis. É que naquele dia o carro conseguira vencer centenas de quilómetros com uma peça fundamental assim mantida lá no seu lugar. Aquilo era de se ter tirado patente de tal invento e de custear a deslocação do génio a um salão de novidades. Mas não calhou,que as atividades não consentiam tréguas. Mais uma vez,porém,ficara bem provado que a necessidade a muito obriga e que é ela uma das mães do engenho.

Rematou este caso uma série de outros dignos de registo. Tudo,afinal,para evitar andar a pé,que é muito cansativo. Não tiveram conta as ocasiões em que o jipe se vira em situações aflitivas. Saiu delas pelas mais diversas vias,pois na sucessão delas alguma havia de resultar. Quando se não via gente por perto,ou animais,como muares ou bois,ou melhor ainda,um trator,as mãos tinham de sair dos bolsos e pegarem da enxada e do canivete,para cavarem e cortarem ramos ,de modo a dar às rodas apoios mais firmes.

Também,por vezes,o depósito ficava sem uma gota,lá onde bomba só muito longe. Mas não faltaram almas caridosas que se condoeram. E,em certa ocasião,houve mesmo que recorrer a uma modalidade nunca imaginada. Uma vala larga barrava o caminho. Mas ali à volta abundava capim alto. Foi só ceifá-lo e empilhá-lo. Quase um milagre,o jipe a caminhar sobre as águas. A água ressumava e o jipe balouçava,tal como barquinho em mar revolto.

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