domingo, 24 de novembro de 2013
UMA AJUDINHA
Era uma terra nem pequena, nem grande, uma terra asim assim, que ficava lá para o
cabo do mundo, mas com comboio à porta. Nessa terra, havia três pessoas
importantes, o comerciante João, o médico e o engenheiro. O senhor João ia, uma vez
por outra, à capital, para se actualizar. Aquilo era um contar de novidades de
estarrecer, no café central, à noite, depois dos trabalhos. Certa vez, o senhor João
contou também uma aventura. Oh senhor João, se a sua mulher calha a saber, coitada
dela? Não tem dúvida. Ela sabe muito bem que é só dela que eu gosto, ela está
sempre em primeiro lugar. O médico não tinha mãos a medir, mas não na sua
profissão. Como a gente lá da terra raramente estava doente e ele não era de se
encostar às paredes, arranjara outros interesses. Ele era agente disto e
daquilo, ele era agricultor, ele era, acima de tudo, mecânico de viaturas. A terra
era ponto obrigatório de passagem de tractores e de
camionetas, que, frequentemente, tinham as suas mazelas, a necessitar de tratamento.
E o médico intervinha, a dar uma ajudinha. Chegava a estender-se no chão, a
examinar eixos e cambotas, ficando numa lástima. O engenheiro era o responsável de
uma grande obra. Por tal motivo e por estar muito interessado em encarecer o seu
complexo trabalho, era ele que pontificava. A grande obra iria custar metade do
que estava previsto. É que ele sabia poupar. Hoje meti nos cofres da empresa um
dinheirão, era a sua expressão favorita. Quem eram os ouvintes para daquilo
duvidar? Mas parecia haver ali economias a mais, alguém teria feito mal as
contas.
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