sábado, 23 de novembro de 2013
DE CIGARRO NA MÃO DIREITA
O que se estava vendo era isto, mas já se vira isto muitas mais vezes. A idade
rondará os setenta. O corpo é esguio, alto. As costas são direitas, que nem
tábuas. A cabeça é pequena, como a de um passarinho. O cabelo é
grisalho, levemente ondulado. O andar é lesto, ainda que tropeçado, talvez por
assim ter saído. E ali ia ela, como sempre, de cigarro na mão direita. Dava um
passo, aparentemente inseguro, e levava o cigarro à boca. Dava um passo, recolhia a
mão com o cigarro. Dava um passo, expelia o fumo. Dava um passo, levava o cigarro
à boca. Isto, como uma máquina. As costas,sempre direitas,olhando em
frente,imperturbável.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário