quarta-feira, 2 de agosto de 2017
UMA FORTUNA
Estavam os dois muito velhos e ela mais achacada. É ele,escusado será dizer,que se tem de desembaraçar. Raramente,pois,se vêem juntos. Ela fica em casa,sozinha,aguardando-o,certamente com impaciência,e rezando para que nada de mal aconteça a um e a outro. O que iria,depois,ser dela ou dele?Aquele era um dos dias excecionais,o mais excecional de todos. Era o dia de ir receber a pensão em duplicado. Uma fortuna. A sua presença ,ao lado dele,espantaria os ladrões.E,assim,depois de terem tirado a senha,lá estavam os dois,sentados,muito juntos,à espera da sua vez. Eles já viam e ouviam mal,o que os obrigava a pedir ajuda a este e àquele.Aproximaram-se os dois do balcão,ela muito nervosa,a olhar para todos os lados,desconfiando de todos. Assistiu muito atenta à contagem do dinheiro e ficou um pouco mais animada ao ver que a menina que os atendera conhecia o marido. Até mencionou o seu nome em voz alta,saudando-o.Era ele que vinha quase sempre. Ela,coitada,não podia,frequentemente,acompanhá-lo. Mas naquele dia teve de ser,pois a sua presença espantaria os ladrões.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário