sábado, 19 de agosto de 2017

SALTARECO

Sabem vocês quem ele me lembra?,perguntava o saudoso tio Joaquim lá na sua roda de amigos. Olha o tio Joaquim com mais uma das suas. Não queria mais nada,a querer imitar o muito saudoso Eça na Ilustre Casa de Ramires. Depois,atrever-se a pôr ali lado a lado o Gonçalo Mendes com o outro,era de velho já sem tino. Mas tinha de se dar o desconto,porque ele já estava quase a partir. De resto,o tio Joaquim não era assim tão atrevido. É que,afinal,lembrava-lhe um saltareco,um gafanhoto pequenino,que agora poisa aqui e logo a seguir além. Mas a ele,ao tio Joaquim,parecia-lhe que dali não viria grande mal lá à meia dúzia de becos que o tal outro frequentava. Estava convencido,até,que aquilo não passava dali,como,aliás,acontecia,no geral,com os saltarecos,que muito raramente davam pragas. Tinha ouvido,também,o saudoso tio Joaquim,que aquela de andar aos saltos já era pancada antiga. Um dia,até lhe tinham feito um reparo,assim como a gozar. Irra,que você não se fixa,sempre a mudar de tema. Mais tarde,um chefe não se contivera. Irra,que você não se fixa,sempre a mudar de poiso. Esse levou troco,na forma de uma frase de arrasar. É certo,mas em todos eles cumprira a sua obrigação. Um dia,cansado de tanto saltar,passou a bater sempre na mesma tecla. Isso era o que constava. Assim como as cores,como o azul. Azuis há muitos. E ele via-os,ou,pelo menos,tentava vê-los. Mas outros só viam azul.

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