terça-feira, 22 de agosto de 2017
FALTA ESSENCIAL
Morreu o burrinho do tio João. Uma morte rápida,em poucos dias,quase uma morte súbita. Deixou de comer,deixou de beber. E,depois,os olhos dele,de tristes,pareciam chorar. Mas afinal,que morte o levou, assim tão de repente? Morreu de saudades do tio João. Lá deve ter pensado que o tio João se desgostara dele,que o abandonara,pois deixara de lhe aparecer. Ele que se mostrara sempre tão seu amigo,de tal maneira que durante muitos anos não se largaram. Ele trasportava o tio João às courelas,ele ajudava-o a cultivá-las. O tio João não o abandonara,só que se esqueceram de o informar. Adoecera, repentinamente, de doença ruim, e tivera de ir para o hospital. Aqui esteve uns dias,indo,depois,para uma casa amiga,onde passará,talvez,o resto dos seus dias. O burrinho não ficou desamparado. Tratavam dele,como se fosse o tio João. Por esse lado, não tinha de se queixar. Só que não era o tio João,como ele estava acostumado. Só que deixara de o ver,de estar com ele. E isso fazer-lhe-ia muita falta,uma falta essencial. E porque era assim,seria melhor partir. E foi o que aconteceu.
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