terça-feira, 11 de julho de 2017

OLHANDO O SUL

Era um homem de contrastes. Admiravam-se alguns de como era possível a convivência de tanta diversidade. Mas o certo é que todos aqueles altos e todos aqueles baixos parecia darem-se como Deus com os anjos. Não havia ali a menor altercação. Não importa aqui tocar nos altos,que os tinha muitos e excelentes. Interessa é dar conta de alguns baixos,devendo-se desde já esclarecer que assim são classificados por uma mera comodidade de expressão. As mãos eram ásperas,calosas,de quem não enjeitava trabalhos rudes,neles se incluindo arroteamento de matos,limpeza de fossas,conserto de viaturas,governo de hortejos. Para tais funções,os pés deviam andar convenientemente protegidos. E aqui residia uma sua grande preocupação. Não era qualquer rasto que o satisfazia. Horas ele gastava em terras do interior profundo em busca de especialissima roda de tractor. Depois,havia lá maior prazer do que banquetear-se com pratadas de nêsperas,de ameixas e de figos de árvores por ele mesmo plantadas? Havia,sim. E esse residia em temporadas à beira-mar,olhando o sul. Para isso,adquirira uma nesga de terra,onde levantara,por suas próprias mãos,uma casa de praia. Alegrando tudo isto,se tal fosse necessário,exibia sempre,nos altos,como nos baixos,um viçoso botão de rosa.

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