sábado, 8 de junho de 2013
ENQUANTO PUDESSE VOAR
O local presta-se ao descanso de todos os merecimentos. Dali,a vista pode
espraiar-se pelas colinas em volta e pelos campos ao longe,em ondulações
sucessivas. O ar é leve e perfumado. O silêncio perdura.Talvez por tudo isto,
aquela senhora o escolhera. Estava sentada,só, e tinha nas mãos um livro. Foi o
que ela fez durante os dias em que ali permaneceu. Passava as folhas muito
lentamente. Estaria lendo um outro ,que a este se sobrepunha,o livro das suas
recordações. Os seus olhos deixavam,de quando em vez,as linhas na sua
frente,para se fixarem,aparentemente,num ou noutro ponto da paisagem rica,que
diante dela se abria. Estaria lembrando,estaria sonhando. Raramente se servia da
bebida, em cima da mesa da esplanada. Necessitaria de outras,bebidas muito dela.
A senhora bastar-se-ia a si mesma. Em locais como aquele, encontraria bálsamo
para algumas tristezas. Partiu,provavelmente,consolada. Voltaria ali,uma e mais
vezes,enquanto pudesse voar,pois,dificilmente, encontraria melhor poiso.
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