São apenas uns palmos de terra. Vêm todos eles de um tetravô. Que a sua alma
descanse em paz,pois têm-me dado um grande jeito. Nem todos os pedaços que
amanho têm esta origem. Aquele além ia-me custando os olhos da cara. Não
descansei enquanto não pus nele a minha marca. As horas que eu e a minha mulher
gastámos a fazer contas e a refazê-las,sonhando ao mesmo tempo. Mais um ano e
será nosso. E assim conteceu. Mas não foi só aquele. Lembrei-me de o citar
porque é o melhor. Não é por ter sido eu a comprá-lo,mas está ali um belo
tracto. É pena serem todos pequenos,mas juntos ,dava para ter uma boa
quinta.
Têm-me dito que devia trocar alguns,de maneira a formarem-se parcelas
de tamanho mais azado para os granjeios. Sempre que me falam nisso,fico fora de
mim. Eu,abandonar o chão sagrado dos meus antepassados,e mais o que acrescentei
com,pode dizer-se,sangue,suor e lágrimas? Nunca,enquanto viver. E os meus
filhos,estou seguro disso,lêem pela mesma cartilha. Além do mais,onde é que se
iriam encontrar terras como aquelas que nós temos? Não há melhor aqui nas
redondezas. Só as carradas de estrume que eu lá tenho espalhado,para não falar
dos químicos,que me têm custado bom dinheiro. Desentranham-se em milho e batata
que é um gosto. E a qualidade do vinho? Se produzisse mais,faziam bicha aí à
porta.
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