Com tudo isto relacionado,contou alguém uma história também de espantar,como tantas outras. O barquinho era como os demais,uma casquinha de noz. Lá partiu,lá foi pelo caminho do costume,já muito sabido,lá chegou à Índia,lá foi ao Japão. Aí parou um pouco,a pensar. Volto para trás,como tantos,que a família está lá à espera e raladinha de cuidados e de saudades, lavada em lágrimas,que a gente nunca mais chega? E se eu imitasse o Magalhães,não pelos mesmos sítios,que estou cá muito para cima? Sim,se eu o imitasse? Nem é tarde,nem é cedo. É já,pois pode ser que me arrependa.
E lá foi,Pacífico acima,meteu-se pelo estreito de Bering ,bordejou toda a Sibéria,espreitando aqui e ali,talvez para as embocaduras do Lena,do Jenissei,do Obi,passou ao largo da Lapónia,acompanhou a costa da Noruega,enfiando-se por um ou outro fiorde,atravessou o Mar do Norte,foi dizendo adeus há Albion,à França,à Espanha e,finalmente,veio bater às portas do Porto. Teria sido assim? Foi muito capaz de ser. Para o que eles fizeram,era isto uma brincadeira de criança.
Era,de facto,para ter ficado exausto. Agora,façam vocês o resto,os espanhóis,os holandeses,os ingleses,os franceses,os belgas. Agora,vou dormir,que bem mereço. E isto tudo com pouco mais de um milhão de lusos. Merecia a soneca e muito mais. Pode ser que, um dia,receba o prémio. Quem sabe? Talvez um Quinto Império,que não o de Vieira ou de Pessoa,um mais ajustado às necessidades de hoje e de amanhã,um Quinto Império que não fosse Império,mas a casa comum,de uma família unida,à volta da mesma mesa,uma mesa redonda...
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