quinta-feira, 28 de julho de 2016

UM SANTO HOMEM

Ao tempo que se não viam. E ali estava,naquela tarde e naquele jardim cheio de flores e de sombras,o velho sacerdote. Um santo homem. Engordara,talvez demasiado. Andara por aí,por esse vasto mundo,onde estivessem emigrantes. E ali ficaram a recordar velhos tempos. Lembrava-se,daquela vez,lá naquela terra,quando lhe pediram para benzer uma taberna? E o senhor,como sempre,não disse que não. Tão contente que o homem ficou. Dali em diante,ainda venderia mais copos.
Despediram-se. Pôs-lhe a mão na cabeça,como se fizesse a um filho a quem se quer dar proteção. Nunca o fizera.Parecia um gesto transcendente,talvez um último gesto. E foi,de facto,o derradeiro. Aquele coração trabalhara muito.
Fora um encontro para nunca mais esquecer. Um encontro naquele banco rodeado de árvores frondosas e de silêncio,apenas cortado pela conversa dos pássaros. Era capaz de se entender com eles,à semelhança do santo de Assis.

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