O das moedas era alto,esgalgado,de cara magra,ossuda,macilenta. Coxeava. Vinha de longe,em autocarro. Logo de manhã cedo,lá se instalava no seu posto,o poial de uma janela ,de que não pagava renda. Tinha a sua clientela fiel,com quem chegava a conversar demoradamente. Era visto,de quando em vez,a conferir a caixa. Fecharia a loja,quando já lhe chegava para o que ele queria.
O dos olhares,que se apoiava numa bengala, que parecia o tronco de uma árvore,era,ao contrário,baixo,encorpado,de carita redonda,rosada. Dava gosto olhar para ele. Lembrava um bebé rechonchudo. Este dispensava conversa. Para conversar,tinha a família,quando regressassem do trabalho. O seu poiso era também um poial,o poial de uma janela da sua cave. Não se sentiria bem,sozinho lá no buraco.
Estes dois velhos nunca foram vistos juntos. Não se deveriam entender. Tinham necessidades bem diferentes,um,de moedas,o outro,de olhares.
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