O circo ia pela mesma. Bem se esforçavam os arautos das maravilhas,mas os mirones não estavam para ali virados. Não queriam ouvir falar de trapézios,nem de arames,nem de malabarismos,quanto mais ver. Lembravam-lhes a ginástica que todos os dias tinham de fazer para equilibrarem as finanças. Os animais não os atraíam. Constava,até,que passavam fome. E as grades não pareciam,também, de confiança, por estarem muito atacadas de ferrugem.
Num último esforço,anunciaram uma novidade,uma novidade de estarrecer. Venham ver o homem da cartola,o homem das grandes surpresas. Carros percorriam a cidade,esquadrinhando todos os bairros,mesmo os de lata. Venham ver,venham ver,que é quase de graça.
O circo encheu-se. Houve outras intervenções,mas coisa rápida,a despachar. O suspirado momento chegou e fez-se um grande silêncio. O homem vinha de preto. A cartola era minúscula,pouco mais do que um dedal. Mostrou-a em todas as dire-.
ções,acariciado-a repetidas vezes. Depois,ao toque de uma comprida e fina vara,que roçava o teto da tenda,sairam dela,em rápida cadência,objetos incríveis,que se iam amontoando.
O espaço mostrava-se acanhado para tanta bugiganga. Por ação da poderosa vara apareceu um maior. Mais objetos esquisitos foram saindo,sem descanso. O circo foi crescendo,crescendo,irresistivelmente.Atravessou fronteiras,atravessou mares. Ocupou o mundo todo. O maior espetáculo do mundo.
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