quinta-feira, 6 de junho de 2013
O MELHOR DA NOITE
Era dia de cinema,uma grande festa. A casa enchia. Tinha sido um alvoroço antes.
Os vestidos,os chapéus,os sapatos,os perfumes,as conversas,os lugares. O balcão
era o máximo,mas na primeira plateia não se estava nada mal. Dava para suportar.
O pior era a segunda e pior ainda a geral. Aqui ficavam os magalas e os párias.
Cheirava mal,sobretudo a suor. E o chão cobria-se de cascas de pevides e de
tremoços. Para alguns,a fita era o menos. O que lhes importava era aparecerem,era
mostrarem-se,sendo o intervalo o melhor da noite. As luzes todas acesas,não
aquela escuridão medonha que igualava tudo. Uns poucos gostavam de se exibir e
vinham para a frente. Eles,naqueles fugidios momentos, os actores. E à saída,as
despedidas,os cumprimentos. E já uma tristeza,que a noite alta mais
acentuava,por se voltar,novamente,à sensaboria de sempre. Por um escasso
tempo,ali deixada,ali esquecida.
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