domingo, 9 de junho de 2013
MUDAR DE RAMO
Emprestava dinheiro. Soube-se isso,não por portas travessas,mas da própria.
Seria para ela um negócio como outro qualquer. E entrou em pormenores. Era tudo
muito simples,sem papelada. Confiava,mas ai daquele ou daquela que lhe pregasse
o calote. Nunca mais. Mas a maor parte cumpria. Pudera. Convinha-lhes ter sempre
ali aquela tábua de aparente salvação. Humildes,honestos,incapazes de a
prejudicarem,agradecidos,em jeito de manterem a porta aberta. Era uma mulher
baixa,atarracada,de trunfa oxigenada. Os dedos,os pulsos,o pescoço, brilhavam.
Não admirava,assim,que despertasse tentações. Ainda há dias a tinham derrubado e
espezinhado. Aliviaram-na de alguns adornos e estivera por um fio. Nem a casa
escapava. Estava lá apenas o marido,quase um inválido. E sabiam quem ajudara à
festa? Uma que se dizia sua amiga. Uma falsa. Fora uma razia,mas restara ainda
muito,graças a Deus. Isto estava impossível. A droga,o desemprego,a insegurança
cresciam,a olhos vistos. A vontade dela era abrir banca noutra terra menos
perigosa. Sim,porque mudar de ramo não estava nos seus projectos. As palavras
saíam-lhe com dificuldade,o arfar tornara-se mais ruidoso,mas lá dentro morava
uma força que a empurraria para novos empreendimentos de igual cariz.
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