domingo, 30 de abril de 2017

ASAS RÓSEAS

Era aquele um poiso a exigir que se ficasse ali,mas a pressa não deixava. Fazia ainda frio,mas era por ser cedo e por se estar lá no cimo. A um lado do terreiro,erguia-se o castelo. Parecia ele uma emanação de todos aqueles pedregulhos que em volta se viam. As ruas eram de lajedo,talvez do tempo dos romanos. No topo de uma delas,aninhava-se uma capelinha,de ar também vetusto, e gelado. Fazia falta lá dentro uma lareira.
Um rebanho de ovelhas passava por ali. Tinham de ir para mais longe,que a erva,em redor, ainda escasseava. O pastor levava na sacola alguma coisa de comer. Se lhe apetecesse mais,castanhas não haviam de faltar. À entrada da aldeia,o chão estava coberto delas. Davam-nas três castanheiros que ali faziam sentinela. Perto,encontrava-se o guardião de todo aquele tesouro,um velhote muito desdentado,que envergava, à maneira de capa e capuz,uma saca de plástico de cor rosa.
Por muitos quilómetros,que a estrada percorria o alto de um gigante anfiteatro,aquelas asas róseas não deixaram de bater ,apelando e despedindo-se. Se se lá voltasse,em qualquer altura,era capaz de o velhote ainda lá se encontrar,que ele tinha todo o aspeto de ser uma das muitas pedras que por lá se perfilavam,pedras de muitos séculos.

COR DE ROSA

Numa feira como aquela é que ele nunca tinha estado. Além do que é costume ver em qualquer feira,diversões,brinquedos,bugigangas,roupas,comes e bebes,expunham-se lá hortaliças a concurso,ideias religiosas e políticas,e vendia-se futuro.Das exposições,a que mais gente chamou foi,sem dúvida,a das hortaliças. Não foi isto uma grande novidade,pois já tinha reparado na profusão de estufas e de estufins que havia ali naquela terra. Aproveitavam a feira para que vissem quem conseguia as de maior tamanho.As das ideias estiveram quase sempre às moscas. Para as religiosas,ainda alguns se chegaram, enquanto lhes deram música,mas mal esta se calou,ficaram apenas umas velhinhas. Quanto às políticas,aquilo não passou de meras sessões de apupos e de assobios de meia dúzia de provocadores,ali mesmo nas barbas da polícia.Uma grande surpresa estava reservada para o futuro. Eram de respeito as bichas que por lá se formaram,junto a "roulottes"de luxo. Ali,o futuro devia ser cor de rosa.

ONDAS GIGANTES - NAZARÉ

 NAZARÉ

A ÚLTIMA CEIA

MUSEU DE ÉVORA

A ÚLTIMA CEIA

EL GRECO

A ÚLTIMA CEIA

LEONARDO DA VINCI

GIGANTE ADAMASTOR - JORGE COLAÇO

JORGE COLAÇO

MANUEL CARGALEIRO - MUSEU DO VINHO

MANUEL CARGALEIRO

TIRAGEM DA CORTIÇA - PORTUGAL

CORTIÇA

ALQUEVA - PORTUGAL

ALQUEVA

OLAIAS EM FLOR

OLAIAS EM FLOR

MÁRMORES - PORTUGAL

EDWARD BURTINSKY

VINHOS DO ALENTEJO

 VINHOS DO ALENTEJO

CAVALO LUSITANO

CAVALO LUSITANO

REGISTOS DE AUTORES PORTUGUESES NA BIBLIOTECA NACIONAL DA NOVA ZELÂNDIA

FERNANDO  PESSOA  11
JOSÉ SARAMAGO   2
ALMEIDA GARRETT  1
VASCO DA GAMA (referências)  218

PROMONTÓRIO

Era um local impregnado de mistério,quase sempre envolto em brumas. Parecia,umas vezes,um promontório,outras,um navio de eras antigas. Seria,talvez,uma quilha de velha caravela que ali tivesse varado,não se sabe bem como.
Um pesado silêncio reinava ali. Apenas o cortava um ou outro piar de ave de rapina. Em redor,para todos os quadrantes,a vista alargava-se,nas raras abertas consentidas,perdendo-se para além do mar,alternadamente verde e amarelo.
Em tempos,passara por lá ,quase só,um rei destronado, a caminho do exílio. Deixara ele um rasto de tristeza,que perdurara,mais acentuando aquela desolação.
Apsar de tudo isso ou talvez por isso mesmo,vivia ali gente. Eram eles ,um velho capitão,de olho muito azul e cuidada barba,que lhe chegava até à cintura,com o seu imediato fiel,que sempre o acompanhara nas aventuras sem conta. E um escrivão muito probo,de farta calva. E também um aprendiz,que dava mostras de não gostar nada daquele sítio,mas incapaz de sair dele. Restavam dois ou três mais,entretidos com tarefas rudes. Residiam todos num castelo meio arruinado,junto a uma escarpa prestes a desmoronar-se.
Que faria aquela gente?,seria a pergunta que ocorria a alguns nómadas,quando jornadeavam por perto,nas suas andanças intermináveis. Estranhavam o seu apego àquele lugar quase abandonado. E certo dia,um mais atrevido,não resistiu,abordando um deles que tinha ido à caça. Foi em vão,pois o homem,ou lá o que era,usava uma linguagem incompreensível. Eram capazes de ser extraterrestres.
E foi o que se espalhou pelas redondezas. Não podia,certamente,ser outra coisa,já que havia falta de quase tudo de que um terráqueo necessitava para sobreviver. E assim permaneceu esse entendimento,adensando ainda mais o mistério que dali se desprendia.

sábado, 29 de abril de 2017

BATISMO DE CRISTO

VERROCCHIO

SOBRE OS BIOCOMBUSTÍVEIS

A combustão de matérias fósseis liberta,como se sabe,CO2 que estava impedido de figurar no ciclo ativo do carbono. Trata-se,assim,de uma reposição. Os biocombustíveis geram também CO2,como é igualmente sabido. Mas a sua alternativa,ou seja a sua utilização como alimentos,faz o mesmo,via respiração aeróbia ou anaeróbia. Os biocombustíveis não são porém, inocentes,tendo os seus custos,não sendo menores os sociais,pelas implicações no agravamento dos preços de bens alimentares.

A PROPÓSITO DA FLORESTA AMAZÓNICA

Que massa,que força,que pujança. Não se diria que o solo onde ela se levanta fosse,no geral,tão pobre,quase só areia. Então como explicar este aparente milagre da natureza? É uma conjugação feliz de vários fatores. Em primeiro lugar,à cabeça,o sol e a água. A clorofila vem depois. E é um sintetizar permanente de material orgânico. A manta morta que por ali vai de toda aquela folhagem e companhia. Para os nutrientes,que a água traz,há,claro,as raízes,mas,acima de tudo,as micorrizas,um entendimento mútuo de radículas e fungos,uns parasitas que retribuem bem a hospedagem,de cama e mesa.
Decepada ela,a floresta,fica um solo que não se esperaria. E então há que o fabricar muito depressa. Porque com aquele sol e aquela água, a folhagem e os seus restos que por lá haja desaparecerão enquanto o diabo esfrega um olho. E é o diabo. Lá se vai aquele natural captador do famigerado CO2,numa extensão quase única,exemplar.

O DIABO TECE-AS

A mulher morrera-lhe já há uns anos,mas ele nunca dera mostras de se ter conformado. A cada passo,carpia copiosamente junto de amigos e de conhecidos de qualquer data. Só esperaria que a morte também o levasse.Mas nunca se diga que desta água não beberei. E assim,sem aviso prévio,dá segundo nó. Desta vez é que era para o resto dos seus dias. A senhora tinha casa posta,pelo que se desfez daquela onde vivera largos anos com a muito chorada defunta. Desfez-se também dos tarecos,que seriam supérfluos e,talvez,lembrassem a outra,o que não era conveniente.O diabo tece-as,porém,frequentemente. E decorridos escassos meses,o segundo nó desatou-se,não porque ela se tivesse finado,mas simplesmente porque assim decidiram.E agora? Casa como a primeira,de renda antiga,onde é que ele a iria arranjar? Não teve remédio,se não alugar um quarto,um modesto quarto,pois a magra pensão não dava para mais.Novamente o invadiu uma grande tristeza,onde se cruzariam,pelo menos,o ressentimento e a contrição Alguém insinuou que teria havido ali intervenção da que se vira substituida. Lá onde estaria fizera as suas queixas e fora atendida. Para que lhe servisse de emenda. Traições destas não se toleravam.

HARVESTERS RESTING

JEAN-FRANÇOIS MILLET

THE DENIAL OF SAINT PETER - METROPOLITAN MUSEUM OF ART

CARAVAGGIO

REGISTOS DE AUTORES PORTUGUESES EM WORLDCAT

FERNANDO PESSOA  11014
EÇA DE QUEIRÓS  3079
ALEXANDRE HERCULANO  1942
LUÍS DE CAMÕES  5989
VERGÍLIO FERREIRA  659
JOSÉ RÉGIO  5320
JOSÉ SARAMAGO  3986
FERNANDO NAMORA  448
AQUILINO RIBEIRO  886
ALMEIDA GARRETT  3098
FLORBELA ESPANCA  474
MIGUEL TORGA  1208
CAMILO CASTELO BRANCO  3735
JÚLIO DINIS  720
JOÃO DE MELO  7568
VITORINO NEMÉSIO  841
SOFHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN  581
CRSÁRIO VERDE  358
ANTÓNIO GEDEÃO  124
ANTÓNIO NOBRE 2153
MANUEL DA FONSECA  2302


GLOBAL CLIMATE CHANGE

GLOBAL CLIMATE CHANGE

CASTING OUT THE MONEY CHANGERS - GIOTTO

GIOTTO

THE CARD PLAYERS - PAUL CÉZANNE

PAUL CÉZANNE

THE SCREAM - EDWARD MUNCH

EDWARD MUNCH

sexta-feira, 28 de abril de 2017

REGISTOS DE AUTORES PORTUGUESES NA BIBLIOTECA NACIONAL DA AUSTRÁLIA

EÇA DE QUEIRÓS  28
FERNANDO PESSOA  32
ALEXANDRE HERCULANO  26
LUÍS DE CAMÕES  157
VERGÍLIO FERREIRA  4
JOSÉ RÉGIO  6
JOSÉ SARAMAGO  9
FERNANDO NAMORA  3
AQUILINO RIBEIRO  8
ALMEIDA GARRETT  45
FLORBELA ESPANCA  5
MIGUEL TORGA  3
CAMILO CASTELO BRANCO  77


REGISTOS DE AUTORES PORTUGUESES NA BIBLIOTECA PÚBLICA DE MIAMI

EÇA DE QUEIRÓS  11
JOSÉ SARAMAGO  114
FERNANDO PESSOA  23
LUÍS DE CAMÕES  3
A NTÓNIO LOBO ANTUNES  17

REGISTOS DE AUTORES PORTUGUESES NA BIBLIOTECA DA UNIVERSIDADE DE YALE

EÇA DE QUEIRÓS  356
FERNANDO PESSOA 780
ALMEIDA GARRETT  131
JOSÉ SARAMAGO  227
LUÍS DE CAMÕES  556
ANTÓNIO LOBO ANTUNES  84
CAMILO CASTELO BRANCO  220
MIGUEL TORGA  130
FLORBELA ESPANCA  49

REGISTOS DE AUTORES PORTUGUESES NA BIBLIOTECA PÚBLICA DE FILADÉLFIA

EÇA DE QUEIRÓS  23
JOSÉ SARAMAGO  61
FERNANDO PESSOA  22
CAMILO CASTELO BRANCO   4
LUÍS DE CAMÕES  18
ANTÓNIO LOBO ANTUNES  15


REGISTOS DE AUTORES PORTUGUESES NA BIBLIOTECA PÚBLICA DE TORONTO

EÇA DE QUEIRÓS  58
JOSÉ SARAMAGO  171
FERNANDO PESSOA  109
LUÍS DE CAMÕES  69
ANTÓNIO LOBO ANTUNES  42
MIGUEL TORGA  16
CAMILO CASTELO BRANCO  53
FLORBELA ESPANCA  9


CONCERTO DE AMADORES

COLUMBANO BORDALO PINHEIRO

ALGARVE 3

ALGARVE

ALGARVE 2

ALGARVE

ALGARVE 1

ALGARVE

FULVOS E BONITOS

"....Na sala de espera na terceira classe entre bagagens e cobertores de lã,dormem,aos montes,rabuzanos que vão trabalhar para o Alentejo,os varapaus de castanho atravessados,os tamancos ao lado,os pés descalços e um cheiro a lobo que se evola das suas saragoças montanhesas. Nostalgicamente,alguns tasquinham um pão de milho horrível,com sardinhas assadas entre as pedras.
E os mais novos,quinze anos,dezasseis,dezoito anos,todos alegres daquela primeira migração às sementeiras de lá baixo,esses não param,examinando tudo pelos cantos,espantados,deslumbrados,fulvos e bonitos como bezerrinhos de mama;e ei-los estacam diante dos relógios,dos aparelhos do telégrafo,a sala do restaurante cheia de flores,os chalés de hospedagem e os pequenos jardins dos empregados da estação... Dois ou três arranham nas bandurras fados chorosos,melodias locais duma tristeza penetrante,em cujos balanços,gemidos,estribilhos,se acorda o murmúrio dolente das azenhas,vozes da serra,risotas da romagem,balidos do polvilhal que entra no ovil,todas as indefinidas virgindades da Beira,núcleo de força,e ainda agora a mais impoluta ara da família portuguesa...."

De O PAÍS DAS UVAS
O FILHO
FIALHO DE ALMEIDA
CÍRCULO DE LEITORES
1981

ST.JEROME - ALBRECHT DURER

MUSEU NACIONAL DE ARTE ANTIGA,LISBOA

PANELS OF THE ST.VINCENT - MUSEU NACIONAL DE ARTE ANTIGA,LISBOA

NUNO GONÇALVES

LINDO MENINO

Não se sabe o que é que o pobre do carneiro pensava das tropelias que lhe andavam a fazer. O que é certo é que durante meses,volta não volta,lá tinha de ir viajar ,mas regressava sempre,passado pouco tempo,a sua casa. Não eram longas as ausências,valia-lhe isso.
A coisa começou assim. Estava ele um dia,muito sossegado,aliás,como até ali,a deleitar-se com a tenra erva lá do prado,em companhia da família,quando lhe apareceu um sujeito que nunca tinha visto a olhar muito para ele. Já dera conta de ele andar ali às voltas,mas não lhe ligara muito. Mas desta vez,teve de o encarar,pois ele tocara-lhe.
O moço,pois aquele sujeito era muito mais novo do que os outros que ele via todos os dias,vestia uma bata branca. E sem mais nem menos,deu ordem para que o levassem para um carro. E ali vai ele, bem amarrado,para um local desconhecido. Lá chegado,conduziram-no a uma espécie de hospital,onde lhe fizeram não sabe ele o quê. Não teve dores,apenas uma ligeira impressão. Pareceu-lhe ter ficado com um buraco nas costelas.
Mas o que é que ele havia de fazer,se ninguém lhe acudiu,nem os tais que ele julgava serem seus protetores? Não sabe explicar o que sentia quando o levavam para aquele casarão. Porém,nunca lhe passou pela cabeça fugir. É que o diabo do moço,tal como outros que ele foi trazendo,um de cada vez,para o ajudar,tratavam-no com carinho,fazendo-lhe muitas festas e chamando-lhe lindo menino.
Teve de se conformar,que remédio. Mas tudo isso era para seu bem,só que se esqueceram de lhe dizer.

quinta-feira, 27 de abril de 2017

O DESTERRADO

ANTÓNIO SOARES DOS REIS

GUSTAV KLIMT

GUSTAV KLIMT

EÇA DE QUEIRÓS - NEWCASTLE UPON TYNE

EÇA DE QUEIRÓS

EÇA DE QUEIROZ EM HAVANA

HAVANA

VOO PICADO

O inimigo espreitava,preparado para enfrentar mais arremetidas do adversário. Julgando que ele vinha com novas armas,aguçara o engenho ,no intuito de melhor se defender e atacar. A tarefa estava facilitada por se metamorfosear continuamente,baralhando,assim,a estratégia do opositor.
De início,surgiu em catadupas de mosquitos,sempre renovadas,que não escolhiam hora para investir. A ferocidade era idêntica tanto de noite como de dia,quer ao sol ou à sombra. Não davam descanso. Os braços andavam numa roda viva ,em tentativas de afugentá-los. Riam-se de tal aparato e atiravam-se em voo picado,cada vez mais encarniçadamente.
Depois,multiplicou-se em máquinas de fazer sono. O gado abundava,favorecendo a disseminação. Para precaver,pois não é aceitável ficar a dormir por muito tempo ou para sempre,houve que suportar tratamento doloroso,que pôs um a mancar durante dias.
Mas não se ficou por aqui. Aproveitando a formação de muitas lagoas,na sequência de inundações,converteu-se numa amiba causadora de grave doença renal. Quem viesse,pois,a contactar aquelas águas,estava sujeito ,um dia, a expelir líquido avermelhado. Para se defenderem,muniram-se de botas de borracha de cano alto,que nem sempre estiveram à altura,devido a desníveis inesperados.

NO SILÊNCIO DA NOITE

Parecia ter sido uma noite de caça para esquecer. As horas que se tinham gasto,por aqueles montes,por aqueles vales,a alumiar a escuridão. Nada que merecesse a pena,à distância de tiro. Só pares de olhos,aqui e ali,de vários tamanhos e cores,lá muito longe. Uns pares de olhos bem fixos,como que presos daqueles raios para eles apontados.
Era melhor desistir e ir para a caminha,que o corpo já estava pedindo há muito. Ficaria para outra vez. E lá foram,como que derrotados,de regresso a casa. Mas ainda guardavam alguma esperança,podia ser que um golpe de sorte os visitasse.
Ora vamos parar aqui,um ponto alto,sobranceiro ao largo vale. Mais uma vez o foco de luz varreu a escuridão. E mesmo ali,quase a dois passos,deparou-se-lhes um grande par de olhos. Um tiro partiu,um tiro certeiro,um tiro fatal. E foi medonho ouvir-se,no silêncio da noite,o estertor de uma vida,que se foi apagando muito lentamente,talvez com saudades de a deixar. Era,de facto,para esquecer aquela noite de caça. Mas um que nela figurou,por mera curiosidade,nunca mais a esqueceu.

FRIO HÚMIDO

"Imagine V. uma cidade...penetrada dum frio húmido...",assim se referia Eça de Queirós a Newcastle Upon Tyne,onde permaneceu alguns anos,em carta de 1 de Fevereiro de 1874,para o seu"querido Ramalho",como vem em Vida e Obra de de Eça de Queirós,de Gaspar Simões.Imagina alguém o que ele deve ter suportado,pelo que esse alguém suportou durante seis escassos meses de 1965.Teve pouca sorte,pois não me lembro de um verão assim,dizia-lhe,contristado,como a pedir desculpa,um funcionário do sector de processamento de dados. De facto,mesmo em Julho e Agosto,as temperaturas não ultrapassaram os quinze graus,e a chuva,quase sempre do tipo molha-tolos,raramente deixou de cair.Quando chegou a altura,as pessoas foram para férias. As que não puderam comprar sol,rumando ao sul,tiveram de se contentar com aquilo que tinham,que era,apsar de tudo,muito.Nos campos,as culturas desenvolveram-se. As searas,de grande porte e densidade,alouraram,e as pastagens mantiveram-se verdes e pujantes. A lã era lustrosa e o leite gordo. Não se pode ter tudo.

SAUDADES

Naquela manhã,o ajudante era outro. Teria aí uns trinta anos. Naquele local,tinham ficado restos da anterior inundação,formando pequenas lagoas. Muito perto de uma delas,construira-se uma casa, a sua casa. Era ali que as nuvens de mosquitos eram mais densas. Porque viveria ali naquele sítio,sozinho? E a resposta veio,uma resposta,de alguma maneira, inesperada,para aquele que o estava a ouvir. Julgava ele que não se gastasse ali de tal sentimento.Não quisera ir com os outros por se ter afeiçoado àquele local . Criara-se ali. Sentia falta dele. Saudades dos tempos de quando era menino,evocações do passado,já um tanto distante.

UM PRÉMIO

Não se sabia quem ele era,só se sabia que viera de longe,muito longe. E viera como que trazido por um chamamento imperioso,a que não pudera resistir.
Era um homem muito rico e trouxera consigo uma grande parte da sua grande fortuna,em ouro,em prata,em pedras preciosas,cintilantes,coisas assim. Seria tudo isso para depositar,lá,no fim da longa jornada. Pelo menos,era o que constava,lá,de onde viera.
Mas como é que ele iria imaginar,à partida,que cruzaria com tanta desgraça,se lá, de onde viera,nem um pobrezinho se via? Era capaz de ter enchido mais os alforjes,pois foi muito grande a tristeza que o inundou quando deu com eles vazios.
E a tristeza que o tomara foi tamanha,que,para se livrar dela,adormeceu profundamente. O sonho lindo que ele teve. Nunca sonhara assim,apetecia,até,não acordar mais,depois de ter visto tanta desgraça.
Parecia ser o sonho lindo um prémio pelo que fizera. Depois,lá nesse lindo sonho,ouvia-se,repetidamente,o que ele nunca mais esquecera. Para a outra vez,tens de trazer mais,tens de trazer mais...

DAVID - MIGUEL ÂNGELO

DAVID

PIETÀ - MIGUEL ÂNGELO

PIETÀ

DEPOSITION FROM THE CROSS - VATICAN MUSEUM

CARAVAGGIO

NEWCASTLE BRIDGE

NEWCASTLE UPON TYNE

NEWCASTLE JESMOND DENE

NEWCASTLE UPOM TYNE

SAGE NEWCASTLE GATESHEAD

SAGE

NEWCASTLE UPON TYN E - HAYMARKET

NEWCASTLE UPON TYNE

MANUEL CARGALEIRO

MANUEL CARGALEIRO

FERNANDO PESSOA - ALMADA NEGREIROS

ALMADA NEGREIROS

AMADEO DE SOUZA CARDOSO

AMADEO DE SOUZA CARDOSO

SOPA DOS POBRES EM ARROIOS (1813) - DOMINGOS SEQUEIRA

DOMINGOS SEQUEIRA

E AGORA?

Só faltavam três perfis para examinar e o morro estava ali muito próximo. Lá se viam os embondeiros, sempre presentes,a deixarem a sua marca inconfundível,fazendo débil sombra,que as folhas ainda estavam recolhidas. A vegetação à sua volta era baixa e seca,ao contrário da do vale,em que dois trabalhadores se encontravam. Dum lado e doutro,uma muralha alta e verde,que ali a terra não tinha sede.
De súbito,uma restolhada já conhecida. As pacaças tinham acordado,talvez avisadas pelas avezinhas que cuidavam da sua higiene e da sua segurança. Tinham de velar por elas,senão lá se iam aqueles festins de carraças gordinhas. Não sabiam que daqueles dois não lhes viria mal algum,pois não traziam arma capaz de as molestar.
E agora? Agora,era fugir. E foi o que fizeram,cada conjunto para seu lado,que o respeito era mútuo. No caso delas,do homem nunca fiando. Elas devem ter voltado a descansar junto de outro embondeiro. E eles,ora eles,foram acabar a tarefa que tinham interrompido,a sua obrigação. De resto,não estavam ali para outra coisa.

quarta-feira, 26 de abril de 2017

OS BARQUEIROS DO VOLGA - ILYA REPIN

ILYA REPIN

NIGHTHAWKS - EDWARD HOPPER

EDWARD HOPPER

THE MILKMAID - VERMEER

Vermeer

GIRL WITH A PEARL - VERMEER

VERMEER

412 - BIBLIOGRAFIA DE SOLOS - EMBRAPA

[PDF]41,27 MB - Infoteca-e
https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/.../doc/.../BIBLIOGRAFIADESOLOS.p...
K. Uso da radiação gama na determinação da densidade apat'en- te e da ...... GAMA. M. V. da. Sobre a fixação do potássio e do amonio nos solos. Agron. lusit. ...... Merion bluegrass (Poa pratensis L. "Merion") turf, as affected by irrigation

REGISTOS DE AUTORES PORTUGUESES NA BIBLIOTECA PÚBLICA DE NOVA IORQUE

ALMEIDA GARRETT  114
EÇA DE QUEIRÓS  119
FERNANDO PESSOA  529
LUÍS DE CAMÕES  451
MIGUEL TORGA  76
FLORBELA ESPANCA  38

REGISTOS DE AUTORES PORTUGUESES NA BIBLIOTECA PÚBLICA DE SAN FRANCISCO

EÇA DE QUEIRÓS- 33
FERNANDO PESSOA  37
LUÍS DE CAMÕES  15
JOSÉ SARAMAGO   105
ANTÓNIO LOBO ANTUNES  20

SÃO FRANCISCO EM ÊXTASE - CARAVAGGIO

Caravaggio

INCREDULITY OF ST.THOMAS - CARAVAGGIO

Caravaggio

CLIMATE CHANGE NEWS

Climate change

THE TAKING OF THE CHRIST - CARAVAGGIO

 Caravaggio

O BEIJO DE JUDAS - GIOTTO

Giotto

NOLI ME TANGERE - CORREGGIO

Correggio

AS PROMESSAS - JOSÉ MALHOA

As promessas

PARÁBOLA DOS CEGOS - BRUEGEL

Bruegel

TORRE DE BABEL - BRUEGEL

Torre de Babel

THE ANGELUS - MILLET

The angelus

terça-feira, 25 de abril de 2017

EXPULSÃO DOS VENDILHÕES DO TEMPLO - EL GRECO

El Greco

A JANGADA - THÉODORE GÉRICAULT

A jangada

O FADO - JOSÉ MALHOA

José Malhoa

THE GLEANERS - JEAN-FRANÇOIS MILLET

The Gleaners

BIRTH OF VENUS - SANDRO BOTTICELLI

Birth of Venus

CHANGES iIN THE EXCHANGEABLE POTASSIUM CONTENTS OF SOME SOILS IN DIFFERENT EXPERIMENTAL CONDITIONS - AGROCHIMICA

Changes in the exchangeable potassium contents of some soils in different experimental conditions.
MV Da Gama - Agrochimica, 1976 - agris.fao.org
... Changes in the exchangeable potassium contents of some soils in different experimental
conditions. 1976. Da Gama MV. Agrochimica

TRANSACTIONS OF THE 10TH INTERNATIONAL CONGRESS OF SOIL SCIENCE -RÚSSIA

TRANSACTIONS OF THE 10th INTERNATIONAL CONGRESS OF SOIL SCIENCE - RÚSSIA
International Congress of Soil Science

pg. 233-240

Gama,M.V. and Sousa,M.L.B.  Extraction of potassium from twenty one soils with a cation-exchange resin

INSTITUTO DE INVESTIGACIÓN AGROPECUARIA DE PANAMÁ(IDIAP)

Instituto de Investigación Agropecuaria de Panamá (IDIAP)

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Alianza SIDALC
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Aut. Analit.: Goncalves, M. da G.; Gama, M.V. da.
Tít. Analit.: Efeito de calagem na disponibilidade do fósforo en algums solos
Serie: Agronomia Lusitana (Portugal). (1989-1990). v. 44 (1-4) p. 131-140.
ISSN: ISSN 0002-1911.
Descriptores: SUELO; FOSFORO; ENCALADO; SUELO Y FERTILIZANTES

SOIL SCIENXE DEPARTMENT - UNIVERSITY OF NATAL

IWDQd.i.8t.;DB..TLUik¥._1Q43; Attce:;&'lTrgpg,a.1946; Vasec da. Gama. 19641: oti ... 'l'HE RELATIONSHIP BETWEEN E-XCHANGEABLE POTASSIUM AND SOIL MOISTURE. 4. IN SOME ... J LE ROUX, Soil Science Department, University of Natal was likely at .... mv 1 mm 3.2 $6 mm H: mud Ed 524 ¢2§<. E m 96 2.0 in 3: ...

UNIVERSIDAD AUTONOMA DE NUEVO LEON,MONTERREY - MÉXICO

A probable case of sulphur deficiency in wheat cropped in pots.  [1977]

Gama M.V. Estacao Agronomica Nacional, Oeiras (Portugal) Universidad Autonoma de Nuevo Leon, Monterrey (Mexico). Facultad de Agronomia.







CHAPINGO - MÉXICO

Comparison of several soil K indices with the K taken up by perennial rye-grass in pots [feed grasses].  [1979]

Gama M.V. Estacao Agronomica Nacional, Oeiras (Portugal) Colegio de Postgraduados, Chapingo (Mexico). Rama de Riego y Drenaje.

411 - DA GAMA,M.V.

Effect of liming on phosphorus availability in some soils [Portugal].  [1989]

Goncalves M.G. Gama M.V. da Gent Univ. (Belgium). Faculteit Landbouwkundige en Toegepaste Biologische Wetenschappen. Estacao Agronomica Nacional, Oeiras (Portugal)

DA GAMA,M.V.

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segunda-feira, 24 de abril de 2017

410 -TURFGRASS INFORMATION FILE - MICHIGAN STATE UNIVERSITY,USA


Comparacao de vavios indices de potassio do solo com o potassio extraido pelo azevem-perene em vasos (Comparison of several soil potassium indices with potassium uptake by perennial ryegrass in pots)da Gama, M. V. 1979. Agronomia Lusitana. 39(4): p. 305-334.click here4572

NEWCASTLE UNIVERSITY 4

Agriculture building

NEWCASTLE UNIVERSITY 3

Agriculture building

NEWCASTLE UNIVERSITY 2

Agriculture building

NEWCASTLE UNIVERSITY 1

Agriculture building

ALENTEJO 2

Alentejo

TÚMULO DE VASCO DA GAMA - MOSTEIRO DOS JERÓNIMOS

Vasco da Gama




PEDRO ÁLVARES CABRAL - SANTARÉM

Pedro Álvares Cabral

VASCO DA GAMA

 Vasco da Gama

LUÍS DE CAMÕES

Luís de Camões

FERNANDO PESSOA

Fernando Pessoa

domingo, 23 de abril de 2017

ALENTEJO 1

Alentejo

CASA CHEIA

Não é bem uma piscina ,mas para quem quiser ver uma naquele magnífico tanque festivo não exagerará muito. E chamar-lhe imperial,só se tiver a mania das grandezas. Mas como a Praça onde ele está é a do Império,então uma forte razão terá para assim lhe chamar.
Como quer que seja,houve alguém que,há tempos,dele fez uso para umas ricas abluções. Não chegou a nele nadar e mergulhar,mas das escusas disto nada constou. Teria sido por isso que não se equipou como conviria.
Vestia um roupão branco que arrastava pelo tapete de relva envolvente. Na cabeça,trazia um boné à marinheiro,branco também. Um estendal de coisas o acompanhava,bem uma dúzia de sacos e de saquetas,uma grande e vermelha toalha de banho,e,acima de tudo,um balde de cor rosa.
Depois de se paramentar,encheu o balde com água fesca do tanque e passou a tratar da higiene dos pés. Não o fez de uma vez só. De vez em quando,palmilhava,energicamente,para lá e para cá,o tal tapete de relva.
Um espetáculo. Ali,naquela cosmoplita Praça,admiradores não lhe faltaram. Pode dizer-se que teve casa cheia.

ALARME

Ali parecia haver paz. Pombos faziam pela vida e o silêncio era a voz da esperança. Lá no alto presidia o santo.Dava para armar ali tenda. A tanto não se tinha chegado,mas bancas não faltavam. Mercadejavam-se ofertas para o dispensador de dádivas. Uma delas obrigara a trocos que só a caixa forte,a dois passos,dispunha.Aconchegada num assento,uma velhota rezava. Palavras não se lhe ouviam,mas os lábios dispensavam-nas. Assim estaria tempos sem fim,se não fosse a curiosidade de um atrevido. Há gente para tudo,até para perturbar conversas com o além.Vem aqui muitas vezes? A branca cabeça disse que sim. Mas estava dado alarme. Os pombos não voaram,que a inquirição fora de mansinho,mas a velhota logo se levantou.Também já se estava fazendo tarde. O sol escondera-se e as sopas encontravam-se lá à espera. O santo também a aconselhara a debandar,pois do atrevido tudo se podia esperar

SENHORA NAGONIA !


Georges! anda ver meu país de Marinheiros,

O meu país das Naus,de esquadras e de frotas!



Oh as lanchas dos poveiros

A saírem da barra,entre ondas de gaivotas!

Que estranho é!

Fincam o remo na água,até que o remo torça,

À espera da maré,

Que não tarda aí,avista-se lá de fora!

E quando a onda vem,fincando-a a toda a força

Clamam todos à uma:"Agôra! agôra!agôra!"

E,a pouco e pouco,as lanchas vão saindo

(Às vezes,sabe Deus,para não mais entrar...)

Que vista admirável! Que lindo! Que lindo!

Içam a vela,quando já têm mar:

Dá-lhes o Vento e todas,à porfia,

Lá vão soberbas,sob um céu sem manchas,

Rosário de velas,que o vento desfia,

A rezar,a rezar a Ladaínha das Lanchas:

Senhora Nagonia!

Olha,acolá!

Que linda vai com o seu erro de ortografia...

Quem me dera ir lá!
...

ANTÓNIO NOBRE

POESIA COMPLETA
CÍRCULO DE LEITORES
1988

POSTIÇO

Olhava para aquelas veigas,para aqueles campos de milho,para aqueles prados pontuados de vacas e de carneiros,para aquelas ramadas,para aquelas casas,para aquelas gentes. Apaziguavam,mas não extasiavam. E era assim,em êxtase,que deviam ser contemplados,como os tinham contemplado pintores,romancistas e poetas.
Os quadros lá estavam,mas um não sei quê de postiço os envolvia. Os rios corriam mansamente,os campos rescendiam,os pássaros orquestravam. Mas as gentes,oh as gentes,tinham-se urbanizado. De muito pouco valiam romarias,ranchos folclóricos,evocações.
Grande parte do passado fora-se irremediavelmente. A Miquelina divergia um quase nada do Conselheiro. As margens do Lima faziam lembrar as do Tejo. A estrada da Apúlia parecia a do Guincho.
Para o reaver,esse passado perdido,só recorrendo ao registo certo. Ou então,mais pobremente,simular,à maneira de Lisboa em Camisa.

sábado, 22 de abril de 2017

FUNDILHOS

Era um homem alto,bem parecido. O basto cabelo negro,ondulado,não lhe caía pelas costas largas,mas coroava-o,à maneira romana. Alguém o recordara em três alturas marcantes do seu florido percurso.
Na sequência,primeiro,em moço,alta noite,sentado num banco de laboratório,analisando. Já perdera muito tempo,pelo que tinha de compensar. Exigências da vida que escolhera,para a qual,aliás,estava fadado.
Depois,um pouco lá mais para diante,dirigia-se, em bicicleta,um tanto esmagada ao peso de quem lá ia,ao encontro da sua cadeira de edil. As calças,via-se bem,tinham sido reforçadas por uns fundilhos de todo o tamanho.
Para remate,poucos anos volvidos,chegou a vez de trocar a cadeira por um cadeirão. Era o que mais se apropriava à sua imponente figura. Ali,os fundilhos não ficavam bem. De resto,nunca se esclareceu porque os mostrara naquela vez. Mas uma razão devia ter havido,e uma razão de monta. Mas qual?

O CADEIRÃO

Andara uma vida inteira a sonhar com o cadeirão. O que ele sofreu por ver o tempo passar e sem ver o sonho realizado. Mas não perdia a esperança. Havia de chegar a sua hora. E é que chegou,tarde para muitos,mas para ele não. Ali estava ele,finalmente,no cadeirão,no seu cadeirão. Sentia-se ali tão bem,que o não largou durante dias e noites. Passava os olhos,com vagares,pelas paredes,pelos móveis,pelos retratos dos antecessores. Fechava-os,de quando em vez,para dormitar um pouco,pois tinha de estender ao máximo aqueles momentos deliciosos de posse recente. Ao fim desses dias e dessas noites,sentiu-se inteiramente compensado por tanta espera, e decidiu pôr mãos à obra. E a primeira coisa que fez ,foi ir ver o cofre. Compreende-se muito bem esse passo,pois sem dinheiro não se pode ir muito longe. E apanhou um grande choque. O cofre estava quase vazio. E agora?,e esta? Querem ver que tenho de tirá-lo do meu bolso. Era o que faltava. Mas eu hei-de me desembaraçar. Cheguei até aqui depois de tantas barreiras saltar,não será esta que me há-de trair. Pegou da pena e escreveu a sua primeira missiva. Tinha planeado ser de outra maneira,uma maneira que pusesse na sombra as do passado,mas não podia ser. Mais tarde,resolvido esse magno problema de carestia,iriam ver o que era um plano. Naquela hora grave,tinham de compreender. Na missiva,na sua primeira missiva,pedia-se,simplesmente,miseravelmente,dinheiro,esse vil.
BIBLIOTECA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA - UNIVERSIDADE DE COIMBRA
Manuel Vasco da Gama

sexta-feira, 21 de abril de 2017

SACOS DE SULFATO

"O Antero estava muito alto,o Oliveira Martins distante e o Eça era irónico. Junqueiro viveu connosco. Todos assistimos à sua vida,em todas as fases;conhecemos-lhe todas as suas aspirações. Soubemos quando quis ser santo e assistimos às suas partidas para Barca de Alva,com sacos de sulfato. Distribuiu por todos nós uma parte do seu prodigioso sonho. Nunca se isolou. Podia-nos ter desdenhado. Nenhum de nós estava à altura do seu génio,nem mesmo da sua bondade. Nunca o fez. Ao contrário,teve para todos,até para os mais humildes,uma boa palavra,um conselho,um prefácio,duas frases amigas. Todos fomos seus camaradas. Teve talvez actos vulgares e actos institivos - mas quem os não tem? Quem está livre de erros e de paixões?...Quanto mais os homens duma vitalidade extraodinária como a sua! "Houve tempo - diz Ricardo Jorge - em que Camilo e Junqueiro se juntavam no Porto e então as discussões eram tremendas. Às vezes iam-me bater à porta às três horas da manhã. Felizmente que aquilo durava duas,três semanas,e o Camilo partia para Seide,porque senão eu morria extenuado.""

RAUL BRANDÃO

Memórias (Tomo II)Obras Completas Vol.I p.195

Edição de José Carlos Seabra Pereira
Relógio D'Água Editores
1999

PORQUE O TIOZINHO NÃO SABE?

"...Toda aquela tarde,uma velha estivera acocorada no chão da sala comum,vestida de negro,com os cabelos brancos sobre os olhos,o xaile esfiado pela cabeça,uma taleiguita de estopa no regaço... Tinha chegado essa manhã da Vacariça;era uma velha pequena,chata de cara,amarelenta,lesta e descalça de pé e perna,como em geral andam as mulheres pobres da Bairrada. Ninguém reparava nela,e quase era certo que também ela não houvesse reparado em ninguém....Logo de manhãzinha ela viera,a pobre velha,por esses côrregos verdes dos pinhais,que a urze borda,e o feto grosso do mato,e a gilbardeira espinhosa,naquele tempo,em Dezembro,toda bordada de bagas escalrlates. Ao aproximar-se da estação,gritou-lhe o guarda brutalmente que se desviasse da linha:ela estacara,medrosa,a taleiga de estopa ao quadril,caído o xaile,e sob o chapéu de feltro chato e o seu lenço negro de viúva,enrolado até à boca,como um toucado tunesino. E titubeante,às recuadelas nos rails,a pobre mulher acenava para o guarda,a lhe explicar que era de fora,não sabia;e que trazia no saco o farnel prò filho-porque o tiozinho não sabe?,o filho dela devia chegar no comboio de Lisboa...Ela entretanto,cada vez mais pequena,azougadita,e sentindo renascer-lhe a alma na alegria desse filho restituído aos seus braços,ela corria ao encontro duns e doutros,confundia o seu vulto entre a gentana,sofria os tropeções dos indiferentes,pedindo informações,chamando o filho e revisando as caras uma a uma....-Eh,tia Rosa!Afirma-se no homem que lhe passou a mão no xaile roto..Sou o Clemente,vim do Brasil ontem à tarde...Eh,pobre velha,aqui me tem outra vez nas nossas terras!...-Mas o meu filho? O meu filho?Então o homem correu-lhe os dois braços à roda do pescoço,olha-a um nstante,apenas um instante.-O seu José,Tia Rosa,o seu José...moreu na viagem.Nem um grito de espanto,um queixume,uma lágrima,nem sequer um único suspiro. Aconchega mais o xaile sobre os ombros,baixa a cabeça trémula e gelada,e pequenina,acocorando-se mais entre o tumulto daquela gente alegre,ei-la caminha a cambalear como uma bêbeda...."

FIALHO DE ALMEIDA

O País Das Uvas
Fragmentos de O Filho
Círculo d Leitores
Fevereiro de 1981

409 - ORDEM DOS ENGENHEIROS

Título: Sobre o potássio e o magnésio dalguns solos do perímetro de rega da Sorraia
Autor(es): Manuel Vasco da Gama
Publicação: Coimbra : Ordem dos Engenheiros, 1980
Descrição física: 19 p.
Assuntos: Recursos hídricos

quinta-feira, 20 de abril de 2017

FINAL DO SUAVE MILAGRE

...
A criança,com duas longas lágrimas na face magrinha murmurou:
-Oh mãe! Jesus ama todos os pequeninos. E eu ainda tão pequeno,e com um mal tão pesado,e que tanto queria sarar!
E a mãe em soluços:
-Oh meu filho,como te posso deixar? Longas são as estradas da Galileia,e curta a piedade dos homens. Tão rota,tão trôpega,tão triste,até os cães me ladrariam da porta dos casais. Ninguém atenderia o meu recado,e me apontaria a morada do doce rabi. Oh filho! Talvez Jesus morresse... Nem mesmo os ricos e os fortes o encontram. O Céu o trouxe,o Céu o levou. E com ele para sempre morreu a esperança dos tristes.
De entre os negros trapos,erguendo as suas pobres mãozinhas que tremiam,a criança murmurou:
-Mãe,eu queria ver Jesus...
E logo,abrindo devagar a porta e sorrindo,Jesus disse à criança:
-Aqui estou.

EÇA DE QUEIRÓS

408 - NÍVEL CRÍTICO DE POTÁSSIO NO SOLO - BRASIL

Pesquisa agropecuária brasileira: Série agronomia

https://books.google.com.br/books?id=yRhGAAAAYAAJ
1975 - ‎Vista de excertos - ‎Mais edições
Importância do modelo matemático na determinação do nível crítico de potássio no solo. Pesquisa ... Fomias de potássio e estabelecimento de nível crítico para alguns solos do Estado de Minas Gerais. Tese, Esc. Sup. ... Gama M.V.da 1967.

407 - PacWeb 2012

PacWeb 2012

web03.cm-vilareal.pt/.../SearchResult.aspx?...GAMA%2C%20MANUEL%20VASCO...
Agronomia Lusitana / Estação Agronómica Nacional. - Vol. 33, n. .... Secagem do ar e potássio de troca dos solos / Manuel Vasco da Gama. - Teores de ...

GABINETE DE PLANEAMENTO,POLÍTICAS E ADMINISTAÇÃO GERAL - DADOS BIBLIOGRÁFICOS

Manuel Vasco da Gama - 17 registos

406 - REVISTA AGRONÓMICA

docweb.min-agricultura.pt/.../plinkres.asp?...GAMA%2C+Manuel+Vasco...GAMA%2...
Pesquisa: "AU GAMA, Manuel Vasco da" + "AU GAMA, Manuel Vasco da$" ... Estação Agrónomica Nacional, coord. ... Separata de: Revista Agronómica. -Vol.

405 - RECURSOS NATURAIS E AMBIENTE

Nacional ... by Francisco Luiz Alves, Manuel Vasco da Gama.

Base de Dados - Recursos Naturais e Ambiente - Algumas ...

www.scap.pt/index.php/revista/base-de-dados/13-recursos-naturais-e.../1264-
Tags: Química e física do solo. Author: Manuel Vasco da Gama. Editor: SCAP. Pages: 6. Library: Revista Agronómica, Volume LI, Número(s) 1 e 2. Year: 1968.

404 - ESTAÇÃO AGRONÓMICA NACIONAL

Manuel Vasco da Gama

www.scap.pt/index.php/revista/base-de-dados/.../329-Manuel%20Vasco%20da-Gama
Entrada Revista Base de Dados. BACK TO TOP >. Manuel Vasco da Gama. Estação Agronómica Nacional ... by Francisco Luiz Alves, Manuel Vasco da Gama.

403 - PEDON

[PDF]Pedon nº 19 - Sociedade Portuguesa da Ciência do Solo (SPCS)
www.spcs.pt/index.php?/content/download/572/2998/file/Pedon_19.pdf
boletim da sociedade internacional, tendo o Presidente, Manuel Madeira, informado que a .... número especial da Revista de Ciências Agrárias, que se encontra já em preparação. ..... Dissertação para a obtenção do grau de Doutor em Engenharia Agronómica no. Instituto .... 35 VASCO DA GAMA, Manuel Silva (Or).

terça-feira, 18 de abril de 2017

PARA NÃO MAIS ESQUECER


O desafio. A doença. Os receios. O médico. Não pense nisso. Avance. O avião.O invisível cacimbo. O grande rio. A piroga. O sentar no fundo. O encharcamento. O jipe. O vermelho da terra,da poeira. O verde do amplo vale. Os dois rios mansos,de água verde-escura. As galerias de palmeiras. Os tufos densos das bananeiras. O capim seco,amarelado. A lixa de silica,solta,ao mínimo abanar. O capim verde,gigante ou anão. As espinhosas. Os espinhos.A infeção. 40 graus. O enfermeiro-médico, competente. Uma semana de braço ao peito. Os crocodilos. Dois,apenas,à vista. Uma cabeça,na água. Um,filhote,a aquecer-se,ao sol,na margem. As cobras. Uma,para amostra,ainda assim,moribunda,por atropelamento. O rasto de outra. Mosquitos,nuvens. O repelente milagroso,perfumado e salvador. As pacaças fugitivas.Os passarinhos sentinelas,vigilantes,parasitas,denunciadores de perigos. As fugas. Uma delas,a da infeção. Se o homem tem medo do bicho,o bicho tem mais medo do homem. Casuais,os cruzamentos. As picadas,avenidas, umas,veredas estreitas,outras. Rastos de elefantes. Uma desgraça,a sua passagem. Seletivos,em primeiro lugar,os rebentos tenros. Um desastre. Os javalis em fuga,espavoridos,do fogo. As lagoas. Os tapetes de nenúfares. As cortinas de papiros. Os catos-candelabros. A dieta.Bananas,ovos,galinha,torradas,bolachas,papaia. Uma revelação,a papaia. Sempre. A papaína,digestor da carne mais dura. As galinhas de mato, as rolas,as perdizes,aos bandos. Em paz. Outros valores. Uma caçada,à noite,com holofote,para ver como era. Pares de olhos,fixos,como que hipnotizados. O tiro. O estertor,no escuro. O silêncio. Nunca mais. Os cágados pachorentos,nos caminhos,no fundo das covas,no fresquinho,de companhia, pacífica,com sardaniscas,formigas de todos os tamanhos,ratinhos. Charcos com sanguessugas. Charcos com bilharse. Botas de borracha,de cano alto,para travar investidas,nem sempre evitadas,por desníveis inesperados. Picadas de centenas de metros,entre barreiras de capim de todos os tamanhos. O que andaria lá por dentro?Covas espaçadas, de um metro de fundo, para nelas se enfiar e bisbilhotar. O sinal da cruz,discreto,como arma. O ajudante,o Armando,um jovem destemido,inteligente,alegre,leal,companheiro,sempre disponível,sem regateios. As chuvadas repentinas,barulhentas. As folhas das bananeiras,como chapéus eficazes. O acordar da floresta. Uma sinfonia de cores. Os tons de verde,do amarelo,do vermelho. O anoitecer,abrupto,os tons violáceos.O embondeiro,o senhor grave,de impor respeito. O catequista,talvez de quinze anos. Deambulava. Crianças rodeavam-no,disciplinadas. As avarias. Idas para casa,ao longo dos rios. Os cheiros. As queimadas,mestramente conduzidas. Os macacos,nas palmeiras. Macacos sem vergonha,certos da impunidade. A água filtrada. A água do banho,bombada diretamente do rio. Sabonetes "life-buoy". O mata-bicho,lá no palmar,no mato,onde quer que se estivesse. Aparecia,como por milagre. Sobras,nem uma. O Armando encarregava-se de as dividir, irmamente,com quem aparecesse. Peixes,muitos,de bocarras abertas,para não se perder o que viesse na corrente.O regresso. Ainda combalido da infe-
ção. Uma aventura por estrada convertida em lago. Ao leme,um desenrascado. Pelos morros,não podendo,por pontes improvisadas. Sapadores eram três e capim não faltava. Quatro meses de arrasar e de novidades,a cada segundo. Para não mais esquecer.

FOME DE DIAS

Nunca se vira por ali um nuvem assim,muito veloz,densa,para o escuro,barulhenta. Como que se fizera  noite. De repente,talvez a uma ordem,vem por aí abaixo,em medonho alarido,rumo ao azinhal,sobre o qual se desfez em milhares de pombos,semelhando um ato de magia. O ruído dos bicos,a atirarem-se às bolotas,merecia ter sido registado. Parecia um concerto de uma orquestra de castanholas. Deviam ter vindo de muito longe e trariam fome de dias. Não havia meio de o repasto terminar,pelo que aquilo deve ter sido uma razia de respeito. Os porcos dali teriam ficado a meia ração por larga temporada.

DOIS ANOS INESQUECÍVEIS

Foram dois anos de cartografia de solos,a sondar-lhes as entranhas,até ao osso,ou seja,até à rocha,granítica,xistosa,arenítica,calcária,a maior parte das vezes. Não ficou canto por bisbilhotar,numa larga faixa,desde Alcácer do Sal até Elvas,com mais demoras em Évora,Viana do Alentejo,Reguengos de Monsaraz,Vila Viçosa e Monforte.
Foram dois anos a varrer plainos,a subir montes e vales,revestidos de searas, ou à espera delas,a bater à porta de "montes",e não só,a passar arame farpado,que a fotografia aérea,base do trabalho,não registara.
Foram dois anos de jipe,de caixa aberta,que o calor era muito,ou trancada,por causa das intempéries,jipe,que, lá de vez em quando,sem,ou com aviso prévio, se recusava a cumprir a sua obrigação,pelas mais diferentes mazelas.
Foram dois anos de botas,e não só,cobertas de pó,ou de lama,ao sol,à chuva,que o jipe estava longe,valendo,nas emergências,a copa de um chaparro amigo,ou o aconchego de um casebre.
Foram dois anos de ricas e variadas conversas, com donos,ou feitores, dos mais diversos teres,com jornaleiros e pastores.
Foram dois anos de inesperados encontros com perdizes,e perdigotos,rolas,cizões,
abibes,lebres e coelhos,pombos bravos,corvos,abetardas,carraças, touros.
Foram dois anos inesquecíveis.

PELA PINTA

Estava uma soalheira manhã londrina,como há muito não acontecia,e aquele sossegado jardim,com muitos bancos,convidava a nele repousar.
Um homem circulava, pausadamente,como que a gozar dos rendimentos e daquela doce paz. Quando passava por um banco com gente,parava,fazendo uma vénia prolongada,respeitosa. Quase que levava a cabeça aos joelhos. Era um homem baixo,atarracado,de ar modesto,de tez morena.
Já se podia ter sentado,mas não se atrevera. Não encontrara o banco que mais lhe convinha. Mas,finalmente,lá o descobriu. Sentou-se numa ponta. Na outra,estava alguém que ele julgou,pela pinta,ser seu vizinho,quer dizer,vindo de uma terra ao pé da sua. Não se enganara.
E ali se puseram ,amistosamente, à conversa. Era de Gibraltar e tinha vindo a Londres tratar-se,beneficiando da generosidade do Serviço Nacional de Saúde. Sabe,é que eu tenho passaporte inglês. A insinuar que não era para ali um qualquer,como aquele com que estava conversando.
Tinha escolhido,efetivamente,o banco certo. Nos outros,descansavam ingleses autênticos.

BIOCOMBUSTÍVEIS

Como se sabe,da combustão de bioetanol e de biodiesel liberta-se anidrido carbónico,
à semelhança do que sucede com os combustíveis fósseis. Acontece,porém,que os produtos de onde eles derivam,milho,soja,ou outro qualquer da mesma natureza,e materiais ricos em celulose,dariam lugar também a anidrido carbónico,mais tarde,ou mais cedo,caso fossem utilizados na alimentação humana ou animal,via respiração ou decomposição microbiana,aeróbia,ou anaeróbia,de resíduos.
Num caso,como noutro,trata-se,afinal,de repor anidrido carbónico que fora consumido na fotossíntese. Ao contrário,no caso dos combustíveis fósseis,há só libertação. Assim,do ponto de vista da concentração do anidrido carbónico da atmosfera,há vantagem em usar-se biocombustíveis,e tanto mais,quanto menos combustíveis fósseis se gastarem no processamento e transporte,e quanto menos novas terras forem usadas na sua obtenção.
É claro que o desvio de bens alimentares,como o milho e a soja,para produção de biocombustíveis,não é pacífica. Acentuando-se a sua procura,os preços estão sujeitos a subirem. Seria melhor,pois,o uso de materiais celulósicos,ou de outra biomassa não alimentar,como algas

CELULOSE QUASE PURA

Parecia aquilo uma fortaleza. E,como mandam as boas regras,lá estava a defesa apropriada Não só uma linha,mas duas,que o inimigo era de duas qualidades. Uma,exterior,à base de covas fundas,com cobertura frouxa,espinhosa,para os predadores,a outra,uma faixa larga,permanentemente capinada,para os fogos.
A primeira linha era posta à prova com muita frequência. De vez em quando,lá funcionava como se queria,retendo algum intruso,como uma pacaça ou um javali.De outras vezes,era uma grande tristeza. Acontecia isso quando se tratava de elefantes,que se riam daquela proteção.Os destroços que semeavam à sua passagem,só visto. É que eles sabiam escolher,interessando-se apenas pelos tecidos mais tenros. Deixavam como recordação abundantes dejetos,que se resumiam a celulose quase pura. Eram muito aproveitadinhos.
A segunda linha,pode dizer-se,não passava de um adorno. As quieimadas sucediam-se,é certo,mas ali havia muito pouco por onde pegar,pois o verde era avassalador. Os dois rios que corriam por lá encarregavam-se dessa pujança,alimentando-a sem cessar,sem parcimónias.

INVEJA

"Vejo também que todo o esforço que se faz e o resultado do trabalho se devem à inveja de uns para com os outros".
Do Eclesiastes

O ANFITRIÃO

Foi como que um tratamento de choque a curta passagem por aquela casa de hóspedes. De arrasar. Se lá permanecesse,era capaz de não ter saído de lá vivo. O dono dela,um cinquentão,de ar espetral,raramente punha a cabeça de fora. Quem geria o barco era a mulher e a cunhada,que estavam bem uma para a outra. Pareciam gémeas,pelo menos,nos comportamentos,um tanto ou quanto livres,para quem vinha da aldeia. Quanto à roupa,cada qual se arranjasse,que lavandarias,daquelas de uso individual,com introdução de moedinhas,não faltavam. Era uma em cada esquina.
Não era aquilo uma Arca de Noé,mas quase. A variedade era de se ficar encantado,desde uma velhinha que não tinha para onde ir,até representantes disto e daquilo,passando por estudantes dos mais diversos cantos.
As duas irmãs tinham um certo fraquinho por dois estudantes,com os quais conversavam um tanto familiarmente. Um deles era de tal qualidade,que um casal teve de levantar voo,antes do tempo previsto,sob pena de o marido perder a cabeça. O outro ameaçava quem não encobrisse a sua condição de casado e pai de filhos. Não se cansava de dizer mal da comida,mas não passava daqui. Era o seu jeito,e talvez lá do sítio de onde viera. Depois,onde é que ele iria arranjar uma arca assim?
Ainda ficou esclarecido o porquê das pantufas,portas a dentro,do anfitrião. É que o gelo,lá fora, era tanto,que temia estatelar-se logo que pusesse o pezinho na rua. Passaria uma boa parte do tempo na cama. Elas que trabalhassem.

segunda-feira, 17 de abril de 2017

UMA GRANDE MULHER

Agora sabia bem que estivera nos Victoria Tower Gardens,ali à vista do Tamisa,mesmo no coração da grande urbe. Acontecera isso há muitos,muitos anos. Andara a meter o nariz por muitos cantos,a querer ver o mais que pudesse,que o tempo voava e o disponível era magro,e também porque podia ser aquela a última oportunidade de por ali passar,o que,de facto,veio a suceder. Parecia ele adivinhar.
Sentara-se,a recobrar forças. Só depois de alguns minutos é que deu conta de que à sua volta apenas se viam senhoras de muita idade. Isso levou-o a pensar que estaria em local de algum significado. Não demorou muito a ser esclarecido.
Uma das senhoras levantara-se e viera sentar-se a seu lado. Sabia ele onde se encontrava?
Não,não sabia.Estava cansado e sentara-se no primeiro banco que vira. Está ali a ver aquela estátua? Pois é a estátua de uma grande mulher. A ela devemos,da sua luta,o direito das mulheres poderem votar. Estamos-lhe muito gratas por isso e sempre que podemos vimos aqui prestar-lhe homenagem.

UMA SERENIDADE

A terra está num ponto dominante,"um alto morro isolado no meio de planícies e de vales". A vista é soberba. "A toda a volta até às faldas das serranias próximas desdobra-se a planície,aqui e além cortada de ondulações ligeiras". Por ali também há ecos de um passado rico.
Não admira pois que a terra seja muito procurada,podendo, até, lá permanecer. Era o que estava acontecendo a um turista,vindo de muito longe. Todo o seu aspeto indicava que estava deliciado. De resto,o dia também colaborava,um lindo dia de sol,não muito quente.
Parecia estar ele em sua casa. De alpergatas,de calções,de chapéu às três pancadas,preparava-se para ir bisbilhotar um marco desse passado rico. Mas alguém o interpelou. Sim,vinha ficar ali uns dias. Estava encantado. Pudera,o bulício que ia por lá,pela sua cidade distante. E ali era um sossego,uma paz,uma serenidade,quase o paraíso. E tão satisfeito estava,que não resistiu a anunciar que haveria de voltar,talvez mais do que uma vez.

FIO DE ÁGUA

As cigarras emudeceram e os pássaros esconderam-se nos ramos das azinheiras. É que se aproximava o medonho estrondo de um comboio de viaturas. Nunca se vira por ali uma coisa assim. O que estaria para acontecer? Bem depressa veio o esclarecimento quando os carros pararam. Deles saiu um mar de gente que se apressou a bisbilhotar o vasto milharal que se estendia ao longo do rio. Pobre rio,que naquela altura era uma pobre sombra do que fora. Um fio de água,se podia dizer,que mal dava para a meia dúzia de famílias de rãs que por ali faziam pela vida,quanto mais para matar a sede daquela ilha verde. Pois fora esta pobreza que trouxera ali toda aquela gente. Estavam muito preocupados,e com razão. É que aquele milharal estava a ser um comedor de dinheiro. Não bastara a renda da terra,as sementes,as alfaias,os químicos,os amanhos,as jornas,para há uns tempos ter havido necessidade de recrutar pessoal para escavar o leito do rio,na esperança de algum milagre. E o milagre dera-se,como se estava a ver. É que as maçarocas já despertavam os apetites de bandos de pássaros. Alguma coisa de jeito eles sabiam que nelas encontrariam. Aquele pessoal tinha sido o milagreiro. Escavando dia e noite o velho leito do rio,desencantou veios de caudal capaz de dar vida àquele milharal. Mereciam eles um prémio que se visse. Os pássaros também tinham obrigação de contribuir.

402 - COLEGIO DE POSTGRADUADOS,CHAPINGO(MEXICO)

Comparison of several soil K indices with the K taken up by perennial ...

agris.fao.org/agris-search/search.do?recordID=PT19810685659
Traduzir esta página
de MV Gama - ‎1979
Gama M.V. Estacao Agronomica Nacional, Oeiras (Portugal) Colegio de Postgraduados, Chapingo (Mexico). Rama de Riego y Drenaje. ... Agronomia Lusitana.

401 - COMPOSIÇÃO DO AZEVÉM

Carmona, Maria Manuela

web03.cm-vilareal.pt/pacweb/SearchResult.aspx?search=_OB:%2B_QT...
Agronomia Lusitana / Estação Agronómica Nacional. - Vol. ... Efeito do potássio e do sódio na produção e na composição do azevêm / Manuel Vasco da Gama.

domingo, 16 de abril de 2017

400 - FIXAÇÃO DO AMÓNIO NOS SOLOS

ISBD

pacweb.cm-elvas.pt/SearchResult.aspx?...Q%3AGAMA%2C+MANUEL+VASCO...
Gama, Manuel Vasco da. Sobre a fixação do potássio e do amónio nos solos / Manuel Vasco da Gama. - Lisboa : C.N.C.D.P., 1969. In: Agronomia Lusitana ...

399 - REVISTA DE LA POTASSA

Relacao Quantidade/intensidade (q/i) de Potassio Em Alguns Solos Das ...

https://books.google.tl/books?id=sOMNAQAAIAAJ
Revista de la Potassa. Sec. 4 no. ЛЗ:1-21 . 1968. 19. GAMA, M. V. DA. Potencial e caoacidade dalpuns solos em rela- çào ao potassio e sua variaçào com o cultivo. Agronomia Lusitana 28:105-123. 1966. 20. GRAHAM, E. R. e FOX, R. L. ...

sábado, 15 de abril de 2017

CANAL DA NICARÁGUA

Transportes & Negócios – Construção do Canal da Nicarágua avança ...

www.transportesenegocios.pt/construcao-do-canal-da-nicaragua-avanca-no-primeiro-t...
01/02/2017 - A construção do Canal da Nicarágua poderá avançar no primeiro trimestre de 2017, de acordo com a comunicação social do país. As obras do ...

DESALINATION ERA IS HERE

Israel Proves the Desalination Era Is Here - Scientific American

https://www.scientificamerican.com/.../israel-proves-the-desalinati... Traduzir esta página
29/07/2016 - We are standing above the new Sorek desalination plant, the largest reverse-osmosis desal facility in the world, and we are staring at Israel's ...

SEAWATER DESALINATION

Existing and Proposed Seawater Desalination Plants in California ...

pacinst.org/.../key-issues-in-seawater-desalination-proposed-facilit...
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More »; 03.16.2017 - Peter Gleick of the Pacific Institute Among Those...» ... Existing and Proposed Seawater Desalination Plants in California. Updated: May 2016. The Pacific Institute has conducted research on desalination for more than a ...

398 - SOCIEDADE PORTUGUESA DA CIÊNCIA DO SOLO

[PDF]Pedon nº 19 - Sociedade Portuguesa da Ciência do Solo (SPCS)
www.spcs.pt/index.php?/content/download/572/2998/file/Pedon_19.pdf
prometida periodicidade semestral, o Pedon nº 19 apresenta-se de novo, nas .... publicados no final deste Pedon). ...... 35 VASCO DA GAMA, Manuel Silva (Or).

397 - SECAGEM AO AR E POTÁSSIO DE TROCA DOS SOLOS

PacWeb 2012

web03.cm-vilareal.pt/.../SearchResult.aspx?...GAMA%2C%20MANUEL%20VASCO...
Agronomia Lusitana / Estação Agronómica Nacional. - Vol. 33, n. .... Secagem do ar e potássio de troca dos solos / Manuel Vasco da Gama. - Teores de ...