terça-feira, 18 de abril de 2017

PELA PINTA

Estava uma soalheira manhã londrina,como há muito não acontecia,e aquele sossegado jardim,com muitos bancos,convidava a nele repousar.
Um homem circulava, pausadamente,como que a gozar dos rendimentos e daquela doce paz. Quando passava por um banco com gente,parava,fazendo uma vénia prolongada,respeitosa. Quase que levava a cabeça aos joelhos. Era um homem baixo,atarracado,de ar modesto,de tez morena.
Já se podia ter sentado,mas não se atrevera. Não encontrara o banco que mais lhe convinha. Mas,finalmente,lá o descobriu. Sentou-se numa ponta. Na outra,estava alguém que ele julgou,pela pinta,ser seu vizinho,quer dizer,vindo de uma terra ao pé da sua. Não se enganara.
E ali se puseram ,amistosamente, à conversa. Era de Gibraltar e tinha vindo a Londres tratar-se,beneficiando da generosidade do Serviço Nacional de Saúde. Sabe,é que eu tenho passaporte inglês. A insinuar que não era para ali um qualquer,como aquele com que estava conversando.
Tinha escolhido,efetivamente,o banco certo. Nos outros,descansavam ingleses autênticos.

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