Fora um tempo em que uma sardinha tinha de dar para três ou mais,os que lá houvesse. Em que as botas eram cardadas e reforçadas com biqueiras metálicas,para durarem uma eternidade. Em que se aplicavam remendos. Em que se viam fundilhos. Em que se viravam casacos e também casacas. Em que de velho se fazia novo. Em que havia empregadas domésticas a esmo,para aliviar famílias numerosas,a montante e a jusante. Em que se formavam bichas à porta de casas ricas,em dias certos,e aos portões dos quartéis,todos os dias. Em que se abriam bolsas de empregos em largos de aldeias e vilas. Em que se morria,vulgarmente,de tuberculose,de tifo,de sífilis. Em que se trabalhava de sol a sol,por dez réis. Em que vaganbundeavam ranchos para a colheita das uvas,para a apanha da azeitona,para a ceifa dos cereais,que se amontavam,como gado,em casas de malta. Em que,muitas vezes,se acabava a pedir esmola. Em que se rompiam solas ou as plantas dos pés a calcorrear caminhos crivados de buracos. Em que casas de banho e papel higiénico eram luxos. Em que corriam esgotos a céu aberto.Em que o burro e a carroça eram os transportes dominantes,sem falar nas pernas. Em que as costureirinhas se iam desta vida muito cedo. Em...
O que muitos diriam,nesses atrasados tempos? Isto assim não vai nada bem. Dantes é que era bom.
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