quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

TOADA DE PORTALEGRE

E era então que sucedia Que em Portalegre,cidade Do Alto Alentejo,cercada De serras,ventos,penhascos,oliveiras e sobreiros, Aos pés lá da casa velha Cheia de maus e bons cheiros Das casas que têm história, Cheia da ténue,mas viva,obsediante memória, De antigas gentes e traças, Cheia de sol nas vidraças E de escuro nos recantos , Cheia de medo e sossego, De silêncios e de espantos, - A minha acácia crescia. Vento soão!,obrigado Pela doce companhia Que em teu hálito empestado, Sem eu sonhar,me chegava! E a cada raminho novo Que a tenra acácia deitava, Será loucura!...,mas era Uma alegria Na longa e negra apatia Daquela miséria extrema Em que eu vivia, E vivera, Como se fizera um poema, Ou se um filho me nascera. JOSÉ RÉGIO Antologia Poética edições quasi 1ªEdição,Setembro 2005

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