quinta-feira, 10 de novembro de 2016

UM MENINO

Cola tudo,cola tudo. Era a sua mercadoria principal. De vez em quando,lá ficava mais leve. Só custa um euro. É garantido,está aí escrito. Podem confirmar. Eu não sei ler,mas foi o que me disseram. Não sei ler,pois lá em casa tinha de ajudar,na guarda dos animais e nos trabalhos do campo. Mas olhe que ainda vai a tempo. Está aí ainda um moço cheio de vida. Isso são favores. Ao lado dele,descansavam duas muletas. Os dentes tinham voado. A carita é que era lisa,sem uma ruga,e mostrava boas cores. E os olhos eram vivos, bem dispostos. Parecia um menino. Já não vale a pena,pois qualquer dia marcho,que isto deve estar por pouco. Já cá cantam setenta e tais. E depois,o que é que estou cá a fazer? Escusava de andar para aí a vender umas coisitas para me entreter e para acrescentar mais alguns patacos à pensão,que se vai num instante. Além do cola tudo,também se viam na caixa pilhas e pensos rápidos. Daria o negócio para amparar.

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