quarta-feira, 9 de novembro de 2016
LIBERTAÇÃO
Aquilo alastrou como fogo em mato seco, de anos incontáveis,lá mesmo do início da arrancada. Nem era de esperar outra coisa,ou melhor,era de uma coisa dessas que se estaria à espera,de uma espera quase sem uma pontinha de esperança.
É que se falava de libertação,e libertos é que eles nunca se tinham sentido,nem saberiam o que isso era. Só sabiam é que tinham sido sempre escravos,como já tinham sido os seus pais,os seus avós,todos os avós lá de muito de trás.
Ignorantes de muita coisa,só conheciam uma espécie de libertação,que era a libertação de tanta carência em que tinham vivido,eles e os seus,lá de todos os de trás. Só tinham conhecido uma vida,uma vida de submissão,sempre sujeitos a este,e àquele,o que calhava,às suas vontades,aos seus desejos,aos seus prazeres,nos quais se podiam incluir as suas próprias e miseráveis vidas. Vidas em que nunca tinha surgido,e muito menos brilhado,essa palavra mágica, libertação.
Não admirava,pois,que essa palavra boa passasse de boca em boca,vencendo obstáculos de toda a odem,se derramasse por vales e montes,chegasse a todos os cantos,os mais escondidos. Quem é que lá haveria que não gostasse de ser liberto? Não haveria entre eles,essa imensa pobre gente,um sequer que recusasse. Não era de esperar outra coisa.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário