sexta-feira, 1 de setembro de 2017
DE SACHOLAS NAS MÃOS
Então,vêm lá de Lisboa? Para eles,simples como eram,Lisboa devia ser lá para o cabo do mundo. Sim,viemos lá de muito perto. Então são capazes de ter visto por lá o nosso filho,o nosso único filho,que tanta falta nos faz,mas a tropa levou-o já há uns meses. Ainda tentámos que ele cá ficasse,mas foi o mesmo que nada. Deviam precisar muito lá dele,para assim nos deixar para aqui desamparados.Ali se encontravam aqueles dois,de sacholas nas mãos, a cuidar dos seu batatal,já em flor. Ainda não eram muito velhos,mas aquela dura vida gastara-os,antes do tempo. O jeito que ele nos fazia se cá estivesse. Tenham mais um bocado de paciência,que o tempo passa depressa,e qualquer dia têm-no de volta. Deus o oiça,que fosse já amanhã,para podermos descansar mais um pouco,que há por aqui muito que fazer. Não temos só este pedacito,que o meu pai me deixou. Temos mais alguns,assim maneirinhos,mas é do que há por aqui,já devem ter reparado. Uns quintais ,a bem dizer,mas que nos dão muitas canseiras. Mas é a vida,o que se há-de fazer? Que o nosso rapaz venha depressa.
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