sábado, 3 de setembro de 2016

BANDEIRA DE PAZ

Logo lhe haviam de ter calhado fotografias com povoações. E,assim,não teve outro remédio se não assaltar quintais,fazer rasgões na vestimenta em arame farpado,afrontar o ladrar e a dentuça de cães de todas as raças,passar por intruso,aqui e ali,fartar-se de dar explicações do porquê de entrar em casa alheia. Pode dizer-se que teve muita sorte,pois podiam tê-lo tomado como salteador de estrada,e afrontá-lo de arma pronta para disparar. Deve-lhe ter valido o ter andado de bandeira de paz sempre hasteada,que era,afinal,o seu ar de não fazer mal a uma mosca. Só uma vez foi confrontado à má fé,o que não é nada mau,quando tanto caminho palmilhou. Uma mágoa,porém,carrega. É que podia ter perturbado a inspiração de um grande compositor. Era a ignorância. Sabia lá ele que naquela casa residia tal personalidade? As fotografias só davam conta do que estava à vista. Mas,talvez,daqui a algum tempo isso seja possível. Quem sabe?

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