quarta-feira, 3 de agosto de 2016

ERA POBRE

Recordava-se bem,embora já se tivessem passado muitos,muitos anos,daquele menino da escola primária,filho de um pastor. Gostava mais dele do que de qualquer outro e gostava de o acompanhar até ao limite da vila,no regresso das aulas. Via-o ir pela estrada fora até se sumir lá longe.Havia de ir um dia com ele para ver a sua casa. Onde ficaria ela e como seria? As ovelhas ficariam perto e ele ouviria o seu balir,o som dos chocalhos e vê-las-ia partir,com o pai a conduzi-las? Perguntas que teria feito,mas com respostas que não o deixaram satisfeito. Depois de alguma insistência,que a ideia não seria do seu agrado,lá foram os dois numa tarde. Ficava num pequeno morro,quase sobranceira à estrada. Não era bem uma casa,tinha assim o aspeto de um moinho. Velas não se viam,nem armação. Era acanhada. Quase só existia uma divisão. E ali perto,construíra-se o cercado,onde as ovelhas recolhiam. Não tinham vindo ainda e não pôde assistir à sua chegada,pois se estava fazendo noite. Mas satisfizera o seu desejo ou capricho. Vira a casa de um pastor e vira que era pobre.

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