segunda-feira, 6 de junho de 2016

O HOMEM DA ATALAIA

Guardara-se aquele local para o fim . É que constava que aquilo era domínio de animais mal feridos. E agora ali estavam,que o trabalho tinha de se completar.
A vegetação era alta e densa,um enfeltrado de capim e de espinhosas. Por isso,um escadote fazia parte do instrumental. A picada estava a ser aberta,com a orientação do homem da atalaia. A certa altura,entram em cena as avezinhas anunciadoras da presença de pacaça. Pipilam muito,lá no alto,por cima do hospedeiro. Como de outras vezes,procura-se,fazendo mais barulho,espantar o bichinho.
E o que é que o vigilante vê ou julga ver,que tudo se passava lá no interior do mar verde? O bichinho parecia não se ter acobardado e decidira dar luta,vindo ter com o inimigo. Não pensou duas vezes o homem da atalaia. Saltou dela e desatou a correr pela picada fora,uma picada muito estreita,trazendo atrás de si toda a companhia.
Sabia lá ele onde punha as mãos? Os espinhos estavam lá, à espera ,e uma mão foi picada. Ainda almoçou,mas jantar é que não. Febre alta,o corpo todo dorido,incapaz de se alimentar. Valeu-lhe alguém,que,por quase uma semana, lhe levava a comida à boca,e um enfermeiro que percebia de infeções. Ainda convalescente,com um braço ao peito,teve de regressar,de jipe,primeiro,por estradas inundadas,depois,de comboio miniatura e de comboio a sério,e,finalmente,de avião. Parecia ter vindo de uma guerra.

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